Menos emprego, menos negócios em cidades menores
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Postado por Comunicação CRCPE
04/10/2016
A deterioração do mercado de trabalho, efeito mais perverso da crise econômica, vem castigando cidades interioranas de forma mais intensa do que os grandes centros.
De junho de 2014 a junho deste ano, o desemprego no interior cresceu 78,4% – acima do ritmo das capitais, onde o nível de desocupação avançou 61,5%. Já nos municípios que integram as regiões metropolitanas, a alta foi menos expressiva, de 19,4%.
O levantamento, feito pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, aponta que o interior já conta com um contingente de quase 6 milhões de desempregados, que representam pouco mais de 10% de seus habitantes.Já nas capitais, 7,44% da população está desocupada. Nas regiões metropolitanas, a taxa é de 15,04%.
O avanço mais veloz do desemprego no interior se deve, sobretudo, ao grande impacto do fechamento de postos de trabalho em cidades menores. “Em municípios com poucos milhares de habitantes, o fechamento de um estaleiro, frigorífico ou fábrica impacta a cidade de maneira muito mais intensa do que nas capitais, enfraquecendo o movimento local do comércio e dos serviços”, diz Alison Oliveira, pesquisador da Fipe.
O DRAMA DE BATAYPORÃ
Um corte de 700 postos de trabalho pode não afetar de forma significativa a taxa de desemprego numa megalópole como São Paulo, mas foi um duro golpe para os moradores da pequena Batayporã, em Mato Grosso do Sul, a 300 quilômetros da capital Campo Grande.Com apenas 11 mil habitantes, o município assistiu em julho do ano passado ao fechamento do frigorífico da Minerva, o maior gerador de empregos da região. Foi uma bola de neve: a cidade estagnou e o comércio local se enfraqueceu.
Toda a economia da cidade foi abalada. “Vi oito lojas e minimercados fecharem as portas, pois muita gente vai para cidades vizinhas, como Nova Andradina, em busca de emprego ou para comprar mais barato em grandes redes”, conta Luiz Pereira, dono de uma farmácia na cidade.
DESCENTRALIZAÇÃO DA INDÚSTRIA
Nas capitais, os postos de trabalho na indústria, setor que puxou o desemprego no País, representam 13% do mercado de trabalho. No interior, chegam a quase 24% dos empregos.Essa fatia maior é resultado da descentralização industrial que ganhou força no País nos anos 80 e 90, quando grandes fábricas, antes restritas às regiões metropolitanas, começaram a migrar para municípios mais afastados.”Grande parte do crescimento do emprego nos últimos anos se deu no interior, então acredito ser natural que agora, quando está havendo uma reversão desse ciclo, o impacto mais forte seja nessas cidades”, avalia Bruno Ottoni, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre-FGV).Ele lembra que os processos de interiorização da renda, como o Bolsa Família, estiveram por trás da redução da desigualdade nessas regiões. “Isso gerou crescimento e também emprego em geral”, observa. “Agora é esperar a retomada da indústria. Ela, que puxou o desemprego, deverá puxar também a recuperação.”
Fonte: Diário do Comércio
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