Apesar de 1ª queda em 4 anos, Brasil continua com juros reais mais altos do mundo

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Postado por Comunicação CRCPE
20/10/2016

Nesta quarta-feira, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) decidiu, por unanimidade, reduzir em 0,25 ponto percentual a Selic, a taxa básica de juros, de 14,25% para 14% ao ano. Foi o primeiro corte desde outubro de 2012. A queda está em linha com as expectativas do mercado.

“Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros para 14% a.a., sem viés”, informou o BC em nota à imprensa.

“O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta para 2017 e 2018 é compatível com uma flexibilização moderada e gradual das condições monetárias. O Comitê avaliará o ritmo e a magnitude da flexibilização monetária ao longo do tempo, de modo a garantir a convergência da inflação para a meta de 4,5%”, acrescentou o comunicado.

A Selic serve de referência para as demais taxas de juros da economia, como as que envolvem empréstimos bancários ou títulos públicos. A taxa é o principal instrumento usado pelo BC para controlar a política monetária, aquecendo ou desaquecendo a atividade econômica.

Mas, segundo levantamento da consultoria brasileira Infinity Asset, mesmo com o corte de 0,25 ponto porcentual, o Brasil ainda ocupa a liderança entre os maiores pagadores de juros reais do mundo (8,49%) – ou seja, descontadas as projeções médias de inflação futura.

Rússia (4,27%), Colômbia (3,61%), Argentina (2,55%), China (2,30%), México (1,35%), África do Sul (1,13%), Índia (0,95%) e Indonésia (0,48%) completam o topo da lista.

Países como Argentina ou Venezuela, por exemplo, embora tenham taxas de juros nominais mais altas (26,75% e 21,99%, respectivamente), também apresentam índices de inflação maiores do que no Brasil. Assim, os juros reais (ou seja, descontados a inflação futura) pagos por essas nações acabam sendo menores.

Um exemplo: imagine que você aplique 100 hoje. Após um ano, o valor nominal resgatado seria de 114 no Brasil e de 126,75 na Argentina. Mas, se descontarmos a inflação projetada para o período (que corrói o poder de compra do dinheiro), o valor real seria, na prática, de 108,49 e 102,55, respectivamente.

Segundo a Infinity Asset, somente um corte de 4,75 ponto porcentual retiraria o país da posição atual.

Causas

Segundo economistas consultados pela BBC Brasil, a decisão do Copom de reduzir os juros pela primeira vez em quatro anos resulta, principalmente, do enfraquecimento da atividade econômica, aliado a uma menor pressão inflacionária.

Indicadores econômicos divulgados recentemente sustentam essa avaliação. As vendas ao varejo, por exemplo, apresentaram queda de 0,6% em agosto ante julho. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a contração foi maior, de 5,5%.

Quando maiores os juros, menos propensos os consumidores se sentem para gastar, deixando de contrair empréstimos no banco, por exemplo, devido às altas taxas que têm de pagar.

Já o empresariado prefere manter o dinheiro parado em aplicações a investi-lo (ora comprando novas máquinas ora contratando empregados de modo a elevar a produção), já que a remuneração do capital é mais atraente.

Tudo isso gera impacto negativo na economia. É por isso que entidades como a Fiesp (Federação de Indústrias do Estado de São Paulo) normalmente defendem redução dos juros como forma de retomar o crescimento.

“Houve uma descompressão do item alimentação, um dos principais motores para o aumento da inflação, devido à estabilidade climática. Já a valorização do real reduziu o preço dos importados”, diz Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset.

“Com o enfraquecimento da economia e o aumento do desemprego, a alimentação fora de casa foi outro componente da inflação que caiu”, acrescenta.

Além disso, a redução dos preços da gasolina e do diesel nas refinarias, anunciada pela Petrobras na última sexta-feira, também deve aliviar a inflação neste ano.

Os especialistas lembram ainda que o apoio majoritário do Congresso à Proposta de Emenda à Constituição (PEC) número 241, que limita os gastos públicos, transmite uma mensagem de “estabilidade política”, abrindo espaço para uma maior queda dos juros.

“Os juros têm de cair para a PEC ficar de pé, já que não adianta o governo querer frear os gastos se continuar remunerando segundo as taxas atuais”, comenta André Perfeito, economista-chefe da corretora Gradual Investimentos, em referência ao pagamento dos juros da dívida pública.

Como fica o bolso do brasileiro?

Na avaliação dos economistas, o corte na Selic, apesar de tímido, é importante porque representa o início de um ciclo de redução da taxa de juros.

“Mas há alguns desafios pela frente, como, por exemplo, se haverá aumento da taxa de juros nos Estados Unidos”, ressalva Perfeito, da Gradual Investimentos.

Um aumento da taxa de juros nos Estados Unidos tornaria os títulos do governo americano mais atraentes, causando fuga de capitais de países emergentes. Como resultado, o dólar tende a se valorizar, agravando a crise no Brasil. Para o brasileiro comum, as consequências da redução da Selic só serão percebidas a médio e longo prazo, avaliam os economistas.

“Em curto prazo, não haverá benefício substancial para o bolso do consumidor, dado que a redução é insignificante. O importante é a mensagem que o BC passa, ou seja, como vai ficar a curva dos juros”, explica Perfeito.

“Isso, evidentemente, impacta decisões de investimento no futuro”, acrescenta.

O corte dos juros, no entanto, mexe com a remuneração de aplicações – tanto de investidores que já têm dinheiro aplicado em rendimentos pós-fixados (quando o poupador não sabe qual será a taxa, que é determinada ao longo do período de investimento) quanto daqueles que ainda pretendem fazê-lo.

Fato é que as taxas no mercado de juros futuros, onde se negociam contratos para obter proteção contra flutuações, vêm caindo desde meados de setembro e muitos investidores já apostavam no corte da Selic antes mesmo da decisão anunciada pelo Copom.

Fonte: BBC

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Silvio Meira

É engenheiro eletrônico (ITA), mestre e doutor em Ciência da Computação. Professor Emérito do CIn-UFPE, foi peça-chave na criação do doutorado em computação da instituição e na formação de mais de 1400 pós-graduados. Fundador do CESAR e do Porto Digital, atua como presidente do conselho de administração do parque tecnológico. À frente da TDS Company, promove inovação e transformação digital em negócios. Reconhecido entre os 20 nomes mais influentes do Brasil em inovação pelo Prêmio iBest 2023.

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Eduardo Amorim

Contador, Especialista em Direito Tributário pela UFPE, Mestre em Gestão Pública pela UFPE; Auditor Fiscal do Estado de Pernambuco; Perito Contador do TATE; Professor Universitário; Vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CRCPE; membro da Academia Pernambucana de Contabilidade.

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Ana Luiza Leite

Julgadora Tributário do Tribunal Administrativo Tributário de Pernambuco/TATE, Mestranda em Estado e Regulação pela Faculdade de Direito do Recife/UFPE, Pós-graduada em Direito Administrativo pela Universidade Anhaguera (UNIDERPI), Bacharela em Direito pela Faculdade de Direito do Recife/UFPE.

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Fabio Lima

Graduado em Ciências Contábeis, Direito e Administração de Empresas. Trabalhou na PricewaterhouseCoopers Brasil Auditores Independentes entre 1997 e 2004. Atualmente sócio do escritório Ivo Barboza & Advogados, Vice Presidente de Fiscalização e Ética e Disciplina do CRC/PE e Diretor Jurídico do SESCAP.

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Graduado em Ciências Contábeis, Direito, e em Teologia. Pós-graduado em Administração Financeira e em Direito Tributário. É vogal titular da Junta Comercial de Pernambuco (2023-2026). Sócio administrador da empresa RN2 Contabilidade, atuando como consultor de empresas nas áreas contábil, tributária, financeira, trabalhista e de gestão empresarial, bem como perito contábil e assistente técnico em perícias judiciais e extrajudiciais. Atualmente é presidente do Conselho Regional de Contabilidade em Pernambuco.

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Poeta, professor, escritor e repentista pernambucano que combina arte, educação e tradição oral em sua obra. Com sólida atuação em sala de aula, ele inspira alunos e público ao valorizar a cultura regional por meio da poesia improvisada, repentismo e textos autorais. Sua escrita reflete a riqueza do sertão, fortalecendo a identidade cultural e promovendo o saber popular em múltiplas frentes. Executa ações de planejamento, gestão e operacionalidade de projetos educacionais e sociais por meio do desenvolvimento de ideias e incremento do uso de tecnologias de aprendizado.

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Graduação em Ciências Contábeis na FBV; Mestrado em Ciências Contábeis na UFPE; Doutoranda da FUCAPE; Professora da Pós-Graduação da BSSP; Instrutora do Conselho Regional de Contabilidade e SESCAP; Sócia de Escritório de Contabilidade NUMA - Soluções Contábeis Ltda; Sócia da Empresa Manu de Paula – Auditoria e terceirizações.

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Auditora Fiscal da Receita Federal de 06/93 a 11/24. Membro Comissão Reforma Tributária do CFC. Coordenadora da Comissão da Mulher CRCRN. Coordenadora de MBA Recuperação de Créditos e Revisão Tributária e Co-coordenadora da Especialização em Reforma Tributária da BSSP Pós Graduação. Sócia da BSSP Consulting. Diretora Acadêmica da Faculdade de Gestão BSSP.

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Doutor em Ciências Contábeis pela FUCAPE, Mestre em Ciências Contábeis pela USP-SP, Pós-graduação lato senso em Contabilidade e Controladoria Governamental pela UFPE, graduação em Ciências Contábeis pela UFPE, graduação em Engenharia Mecânica pela UPE. Auditor de Controle Externo do TCE-PE, Professor Assistente da FUCAPE Business School - ES. Autor de artigos e livros de Contabilidade, Orçamento e Custos no Setor Público.

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Joaquim Liberalquino

Contador e auditor tributário aposentado do Estado de Pernambuco. Mestre em Gestão para o Desenvolvimento do Nordeste, é professor assistente da UFPE, com especializações em Administração Financeira, Auditoria Pública e Gestão para o Desenvolvimento. Atua como consultor, perito e palestrante nas áreas de contabilidade pública e gestão fiscal, sendo reconhecido pela sólida contribuição ao fortalecimento das finanças públicas no Brasil.

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Mario Sergio Cortella

Nascido em Londrina, no estado do Paraná no Brasil, filósofo e escritor, com Mestrado e Doutorado em Educação, professor-titular aposentado da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, na qual atuou por 35 anos, com docência e pesquisa na Pós-Graduação em Educação e no Departamento de Teologia e Ciências da Religião; é professor convidado da Fundação Dom Cabral e foi Secretário Municipal de Educação de São Paulo. Comentarista de rádio e televisão, tem presença expressiva nas redes sociais, com mais de 24 milhões de seguidores, é autor de 54 livros com edições no Brasil e no exterior.

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Mariane Bigio

É uma entusiasta da palavra. Nasceu pernambucana do Recife, e se tornou Escritora, Contadora de Histórias, Cantora, Compositora e Radialista. Ministra Oficinas de Literatura para crianças, jovens e educadores. Celebra casamentos com poesia e apresenta eventos corporativos e festivais de arte como MC.

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